Além de muito pedido em Vestibulares e outras provas, nota-se a importância dessa obra, pois ela nos mostra a dura realidade da favela, da fome, do racismo e da invisibilidade social com uma escrita verdadeira. Com uma linguagem simples e própria da sua identidade social, a autora nos apresenta sua luta cotidiana e como a escrita de seus diários foi uma forma de escapar de seus problemas e de fazer uma crítica social.
Apresentação
Carolina Maria de Jesus nasceu no interior de Minas Gerais e, quando jovem, foi para São Paulo buscar melhor condição de vida. Conseguiu um barraco na favela do Canindé, onde passou todo o período em que a obra foi escrita.
Por se tratar de um conjunto de 20 diários, o livro é composto por demarcações de dias, meses e anos, contendo relatos e sensações reais do quotidiano de uma mãe solteira, pobre e catadora de lixo. Neste resumo de Quarto de Despejo fica claro que o livro é marcado pela fome, preconceito, violência  e sofrimento. 
Embora tenha sido escrito no período de 1955 – 1960, não se tem registro de todos os dias, (às vezes passava-se de 3 a 10 dias sem registro) devido à fraqueza e à doença de Carolina, adquirida de sua condição social.
Ela foi descoberta quando o jornalista Audálio Dantas fazia um trabalho nas comunidades à beira do rio Tietê e se deparou com esta mulher, que tinha muita história para contar e uma literatura rica a oferecer. 
Dantas preferiu não corrigir os erros ortográficos e variações vocabulares, para que os leitores experimentassem autenticamente a leitura.
Linguagem Única 
Apesar de admitir ter apenas os dois primeiros anos de educação básica, Carolina era apaixonada por literatura e se tornou autodidata: aproveitava o material escolar encontrado no lixo para se aprofundar na escrita.
Contudo, escrevia de uma forma que misturava palavras rebuscadas, que aprendera lendo, com seu vocábulo rudimentar. Esse toque pessoal garante à narrativa uma sensibilidade de percepções extraordinárias.
Dessa forma, sempre prezou que, mesmo em meio à violência da favela, seus filhos fossem à escola. Sua mãe gostaria de tê-la visto como professora.
Em sua escrita, Carolina relata que a cor da fome é amarela: 
“Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.”
Assim, fica claro que apesar de tudo, Carolina ainda tinha habilidade para escrever de forma poética e, ao mesmo tempo, com uma veracidade incrível.
O porquê do título: “Quarto de Despejo”
Neste resumo de Quarto de Despejo, precisamos também explicar o porquê desse nome.
Carolina tinha constantes reflexões sobre política e sociedade, o que garante à obra passagens de grande valor para os leitores. Ela também tecia críticas aos políticos que só lembram da favela e dos seus pobres habitantes durante as eleições.
Em sua obra, escreveu:
“… As oito e meia da noite eu ja estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenha a impressão que sou um objeto fora do uso, digno de estar num quarto de despejo” 
Assim, percebe-se que o título escolhido para a obra é uma frase que resume toda a crítica a essa realidade. Mas, para além disso, retrata o sentimento da autora diante da vida.
Carolina também expõe a invisibilidade social que ela, seus filhos e seus vizinhos viviam. Eram invisíveis, ignorados por aqueles de melhor condição, pelo Estado e até por quem pedia ajuda. 
Dessa forma, a escrita do diário serviu como válvula de escape e esperança, pois sonhava que alguém leria seu diário e se compadeceria, pensando nas várias outras pessoas que vivem em situação semelhante. Uma esperança para a vida.
Realidade dura – conflitos vividos
É preciso ressaltar neste resumo de Quarto de Despejo, que em muitos trechos, Carolina relata sua constante indisposição, seus momentos de raiva e crises emocionais, seus pesares, seu sentimentos por compreender a situação em que se encontrava. 
Porém, a autora sempre encontrava motivação e permanecia mais determinada em continuar lutando quando olhava para sua família:
“Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas, o pobre não repousa. Não tem o previlegio de gosar descanço. Eu estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte. Catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, uma latas, e lenha.”
A moradora da favela do Canindé também vivia de doações e chegou, várias vezes, a ponto de buscar restos de alimento nas feiras e até no lixo. Nisso, notava a maldade que algumas pessoas depositavam sob os pobres necessitados: 
“Percebi que no Frigorífico jogam creolina no lixo, para o favelado não catar a carne para comer”
Também relata que preferiu ser mãe solteira, não queria se relacionar com homem algum, pois só tinha o exemplo de casamento dos seus vizinhos: homens e mulheres constantemente alcoolizados para enganar a sensação de fome, o que gerava brigas, mortes e violência sem fim. 
Também por isso sofreu preconceito por parte dos vizinhos.
Curiosidades sobre Quarto de Despejo e sobre Carolina Maria de Jesus:

Com o sucesso do livro e a peculiaridade da escrita, questionou-se se a obra não seria do jornalista que acompanhou o caso de Carolina. Porém, foi preciso que grandes escritores, como Manuel Bandeira, relatassem que a percepção era verídica demais para ser escrita por alguém que não tivesse, de fato, vivido aquilo. 
Nos primeiros 3 dias após o lançamento, mais de 10 mil exemplares foram vendidos e a obra virou um fenômeno literário. 
A obra foi traduzida para 13 línguas, referência para estudos sociais e culturais no Brasil e no exterior. 
Análise de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus – Contexto histórico e religiosidade
Por causa da linguagem transparente e honesta, pode-se notar que a fala e vivência de Carolina são a personificação de outras mulheres que vivem em situações semelhantes por todo país. É como se a voz de todas elas fosse ouvida por meio dessa obra.
Por isso, o livro foi a oportunidade para abordar essas questões de forma impactante e objetiva, ao tratar sobre saneamento básico, recolha de lixo,  fome e miséria. Era a possibilidade de adentrar num espaço que o público brasileiro não conhecia a fundo. 
Os diários foram escritos durante o governo de Juscelino Kubitschek, cujo lema era  “50 anos em 5”, para impulsionar a construção de Brasília e inúmeras outras obras urbanas que fomentaram expansão e crescimento da infraestrutura no Brasil.
Contudo, essa expansão acelerada foi díspar em relação aos menos favorecidos socialmente, fazendo com que a desigualdade social se tornasse mais aparente e pouco se investisse nos necessitados.
Importância da religiosidade
No cenário de constantes frustrações e miséria, é importante ressaltar o papel da religiosidade. Ao longo do livro, a fé aparece como motivador da protagonista. Carolina encontra na fé força e explicações para situações cotidianas.
Fonte: Beduka

 
Excelentes dicas de leitura.
ResponderExcluirAmo este blog.
Ah, muito obrigada!!! O coração fica quentinho ao ler isso!!! É feito com muito amor! S2
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